Entrevista com Marco Antônio Carboni: Resolução 2.113/2014 e a importância do uso medicinal da Cannabis.

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram

Para introduzir o tema da Cannabis aos cidadãos interessados e fazer apontamentos importantes sobre a consulta pública aberta pelo CFM para revisão da Resolução nº 2.113/2014, a ABRACE juntamente com vários profissionais importantes do meio cannabico e medicinal, organizou uma mesa redonda que acontecerá hoje (terça-feira, 19/07), às 20 horas no nosso Canal do YouTube (ABRACE Esperança). Representando o corpo de convidados, conversamos previamente com Marco Antônio Carboni, presidente do Instituto CuraPro: Acolhe vidas, de São Paulo, para saber um pouco sobre o que será abordado no debate.

ABRACE: Primeiramente, nos conte um pouco sobre você, o seu trabalho e as coisas nas quais acredita (dentro e fora da sua profissão).

Marco: Eu sou presidente do Instituto CuraPro: Acolhe vidas, uma associação de pacientes aqui de São Paulo. A gente surgiu já faz alguns anos, primeiramente sem nenhuma estrutura burocrática, nenhuma estrutura jurídica e a gente surgiu por conta da minha mãe que precisou tomar o óleo a mais ou menos uns 5 anos atrás. Eu trouxe um óleo pra ela, de fora do brasil. Ajudou bastante no tratamento dela e foi aí que a gente percebeu que fazia sentido. Então eu fui tentar comprar aqui no Brasil e acabei me deparando com toda a burocracia necessária para obter o remédio através da importação via autorização da Anvisa. Fiz todos os procedimentos, depois de 120 dias de entrada no pedido do remédio, eu consegui a autorização da Anvisa para importar o remédio para minha mãe. Após conseguir a autorização, várias pessoas vieram entrando em contato comigo, mesmo que eu não trabalhasse com a cannabis, para conseguir o óleo por questões médicas também. Eu sou economista, trabalhava com algumas empresas, tinha alguns restaurantes. Sou oriundo do mercado da educação e do entretenimento. Já tive algumas escolas, saí das escolas para seguir carreira numa rede de restaurantes. Comecei, montei um restaurante, dois, três e agora me desfiz de todos eles para me voltar para essa questão da cannabis e avançar bastante com o instituto, ajudando cada vez mais pessoas. Esse é o nosso objetivo por aqui. Pessoalmente, eu acredito que ajudar e o sentimento de gratidão que isso trás me move. Acredito hoje que a cannabis deve ser uma maneira de democratizar o acesso a tratamentos para os brasileiros. Sinto que os brasileiros precisam de remédios com menores efeitos colaterais, menos danosos para a saúde e acredito que isso é possível através de pessoas do bem que buscam democratizar esses acessos e elevar para quem de fato precisa e que, mesmo que não tenha o dinheiro para fazer o tratamento, tenham a certeza do acesso prioritário. Que as pessoas tenham o direito de optar se tratar com a cannabis ao invés de se tratar com vários alopáticos, várias drogas muito pesadas que trazem efeitos colaterais danosos na vida de quem utiliza.

ABRACE: Como ocorreu o encabeçamento desse debate responsável sobre a Cannabis?

Marco: A gente sabe que são temas extremamente sensíveis e de vital importância a serem discutidos pela nossa sociedade, principalmente quando envolve a cannabis e uma consulta pública que está prestes a acontecer e não teve a divulgação e publicização necessária por parte do próprio CFM. A live surgiu com a gente batendo papo com alguns médicos. Percebemos que ‘tá havendo um certo desconforto por parte de alguns profissionais da área da saúde e parando para analisar essa consulta pública do jeito que foi feita, também existe um desconforto por parte de nós, pacientes e sociedade, por ser um tema extremamente importante e não sermos incluídos. A Resolução fala hoje sobre o uso compassivo do canabidiol para tratamento de epilepsia refratária pediátrica, ou seja, para crianças. Mas já que eles vão rever, é de suma importância que acrescentem não só o CBD, mas o THC e os demais canabinóides, mostrando de fato que o THC possui propriedades terapêuticas muito eficientes e que isso tem que fazer parte do arsenal terapêutico dos médicos. Daí surgiu a necessidade de fazer essa live. A gente pensou em organizar um grupo sério com pessoas de alto nível para que possamos discutir essas informações o quanto antes. Como a princípio, a gente tinha a data do dia 20 de julho para o término do envio das propostas que os próprios médicos poderiam mandar para a consulta pública, a gente sentiu necessidade de fazer o quanto antes. Marcamos para o dia 19, ficou em cima, mas já vimos que eles mudaram a data de encerramento para o dia 30, então vamos conseguir cumprir nosso objetivo de colocar vários atores sociais que transitam no meio cannabico: mães, pais, farmacêuticos, líderes de associações, médicos, a sociedade civil de uma forma geral e organizada sob a forma de associações, o futuro dos nossos pacientes, nosso portanto, é o que está em jogo por aí. A ideia é justamente essa: forçar de uma maneira saudável, uma pressão no CFM para que eles reconheçam o THC como uma ferramenta terapêutica, dentre outras questões.

ABRACE: Qual é o intuito da live?

Marco: A live tem três grandes objetivos: introduzir o tema para as pessoas que estão interessadas; arrecadar o maior número de assinaturas para essa petição que tá rolando na internet e que vai ser encaminhada para o CFM; e pressionar de uma maneira sadia e respeitosa o CFM, de modo que ele abra as portas para essa consulta pública para que membros da sociedade se coloque à frente e mostre suas necessidades e que assim eles consigam fazer uma revisão séria, que inclua o THC e os demais canabinóides. Que eles também abram para diversas outras especialidades, que todos os médicos possam ter a prerrogativa de receitar e por último que eles façam uma consulta pública aberta para toda a sociedade.

ABRACE: O que as pessoas podem esperar da mesa redonda de amanhã?

Marco: As pessoas podem esperar vários profissionais sérios e competentes. Teremos médicos, advogados, farmacêuticos, enfermeiros, paciente, mães de pacientes e líderes das associações que reúnem dezenas de milhares de pacientes, para que a gente introduza esse tema e consiga, de uma maneira rápida e sucinta, explicar o que é essa consulta pública do CFM e como que isso pode afetar a vida de quem hoje é um paciente de cannabis e dos médicos que prescrevem cannabis. Elas podem esperar também um aprofundamento técnico interessante e na medida certa para que a gente consiga avançar com esse pedido junto ao CFM e para que sejamos ouvidos como sociedade e como um todo.

ABRACE: Qual é a importância de passar esse debate à frente?

Marco: A importância de passar esse debate para a frente se dá justamente porque nessa revisão da resolução vão sair diretrizes que são determinantes para diversos médicos e toda classe médica, pois determina como eles devem tratar o tema da cannabis. Isso afeta diretamente a vida da sociedade, dos pacientes, da população em geral. Se os médicos não sabem como prescrever e não sabem conduzir o uso dos canabinóides, as coisas complicam. Esse tratamento com cannabis tem um potencial efetivo que pode constatar no arsenal terapêutico dos médicos. A importância de passar o debate a frente é justamente essa, pois afeta a vida dos pacientes e dos médicos prescritores.

Últimas Publicações

SAC