K2, K4 e K9: As drogas K e os novos discursos de marginalização da Cannabis

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A associação indevida das drogas K com a maconha reforça preconceitos sobre o uso da Cannabis medicinal e minimiza os efeitos das substâncias sintéticas.

Por Rede Abracom

Nos últimos meses, o uso do termo “maconha sintética” foi muito recorrente para se referir às chamadas Drogas K (K2, K4, K9, Spice, K12 dentre outras nomenclaturas), que viraram uma verdadeira preocupação no Brasil.

As K pertencem ao grupo de Novas Substâncias Psicoativas e foram desenvolvidas por acidente há pelo menos três décadas em uma ação científica que tinha o intuito de reproduzir quimicamente em laboratório a fórmula dos principais componentes da Cannabis Sativa, planta da qual se origina a maconha e que possui grande potencial terapêutico no tratamento de diversas patologias.

A principal substância utilizada nos experimentos foi o Tetrahidrocanabinol (THC), mas as tentativas geraram uma droga cem vezes mais forte que não demorou a parar no mercado ilegal e hoje é oferecida como um entorpecente potente no mundo do tráfico. Seus efeitos são imprevisíveis, mas o consenso é claro: São altamente perigosas e podem até mesmo levar à morte.

Além de sua circulação representar uma nova forma destrutiva de vício, o termo “maconha sintética” tem servido como um prato cheio na potencialização do preconceito sofrido pela Cannabis. A partir dos diversos casos reportados, muitas pessoas colocam as substâncias em pé de igualdade, por isso é importante destacar que as K não são maconha e tão pouco devem ser chamadas assim.

Segundo especialistas, associar o termo “sintético” à maconha pode criar uma falsa impressão de que as drogas K possuem efeitos semelhantes, o que reforça os preconceitos em volta do uso da Cannabis medicinal. Além disso, a utilização do termo traz uma falsa ilusão do real potencial da droga, que acaba sendo vendida como maconha artificial, maconha falsa ou outros nomes que supõem que ela é mais inofensiva do que realmente é.

A maconha se origina de uma planta natural e casos de overdose ocasionados pela Cannabis nunca foram registrados pela literatura científica. A erva possui centenas de canabinóides que agem de forma complementar e ajudam no tratamento de diversas doenças. O canabidiol (CBD) combinado com o THC, por exemplo, age de forma a reduzir os efeitos colaterais causados pelo segundo canabinoide citado.

Embora a K2 se ligue aos mesmos receptores canabinóides ao qual o THC natural se liga, a K2 pode ser fatal. O que a torna tão perigosa é a falta de moduladores hepáticos em sua composição, como é o CBD para o THC. O CBD como modulador, age para controlar as ações do THC.

A K2 normalmente é encontrada na forma líquida e é utilizada em cigarros eletrônicos ou borrifada em tabaco, haxixe, flores de cânhamo, outras plantas e até mesmo papel. Os efeitos relatados incluem ansiedade intensa, palpitações, paranoia, náusea, vômito, confusão, falta de coordenação e convulsões. Dependendo de onde o líquido for colocado, a droga pode ser apresentada como K4. O termo K9 é utilizado para se referir à droga em um sentido mais amplo.

Relacionar a maconha a substâncias sintéticas como as drogas K é um erro, pois são coisas muito diferentes. Os efeitos das drogas K, podem ser um risco não somente para quem usa, mas também para todos que estão em contato com esse indivíduo. Além de facilitar a propagação da substância, continuar usando a nomenclatura “maconha sintética” para se referir às drogas K contribui ainda mais para a demonização da única e verdadeira Cannabis: a natural.

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