Professor Hygor Cabral implementa curso sobre o sistema endocanabinoide na UFSJ com ajuda da professora Katy Lísias, da UFPB, e fala que o objetivo é que a disciplina optativa se torne uma grade fixa no curso.
Por Rede Abracom
A Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), em Minas Gerais, entra na lista de instituições de ensino superior que incluem o sistema endocanabinoide na grade curricular da graduação de medicina. O curso foi implementado na instituição pelo professor Hygor Cabral, vice-coordenador do curso na época, é optativo e está na terceira turma desde 2021.
Hygor Cabral se inspirou na iniciativa da professora Katy Lísias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que foi pioneira na inserção do curso em universidades públicas do Brasil. Katy implementou a disciplina dentro da instituição paraibana em 2019, pouco antes da pandemia. A primeira turma presencial na UFPB contou com a inscrição de 60 alunos e foi ofertada para Medicina, Odontologia, Enfermagem, Biomedicina, Farmácia, Fonoaudiologia e demais cursos da área da saúde.
Sobre o processo de implementação da disciplina na grade dos cursos da área da saúde, Katy conta sobre a demora na tramitação da disciplina e as soluções encontradas na época:
“Demorou um pouco para sair a tramitação da disciplina vinculada a um único curso, que no caso era o curso de Farmácia e o curso de Medicina. Para agilizar o processo, eu a incorporei ao PPC (Plano político-pedagógico) de Biomedicina. Por ser uma disciplina optativa, a gente oferta a disciplina para todos os cursos da área de saúde. (…) Então, desde 2019 a disciplina está sendo ofertada para todos os cursos. Ela já está no PPC de medicina, no PPC de farmácia e no de vários cursos da área da saúde dentro da UFPB”, falou Katy.
Sobre as conquistas envolvendo a Cannabis dentro das universidades, Katy destaca um acontecimento muito importante para a comunidade odontológica:
“Uma coisa interessante é que agora os odontólogos estão podendo prescrever medicamentos à base da Cannabis, inclusive o de vocês, da Abrace. E agora eles podem ser formados dentro da universidade. Eu tenho vários alunos da odontologia que já pagaram essa disciplina comigo, hoje estão prescrevendo e foram formados dentro da UFPB, tiveram essa formação acadêmica dentro da universidade (…) Então, esse é o nosso papel dentro da comunidade acadêmica para ajudar esses futuros profissionais e futuros prescritores a terem mais segurança, a terem mais conhecimento em relação a essa temática. Inclusive, um aluno meu de odonto que vai defender agora um TCC na área da Cannabis”, citou.
Com o auxílio da docente, o professor Hygor Cabral conseguiu construir uma disciplina e criou uma ementa adaptando tudo ao sistema remoto devido à pandemia da Covid-19. A aprovação dentro do colegiado de Medicina não demorou a vir.
“Eu lembro que o professor me procurou para pedir ajuda. Eu fiquei super feliz, eu quero que muita gente implemente mesmo. Essas disciplinas relacionadas com a Cannabis precisam estar dentro das universidades. No que eu pude ajudar, eu acho que ajudei. Ajudei, também, o professor Erick e outros professores que vieram conversar comigo”, afirmou a professora.
Em ambas as instituições a disciplina se apresenta sob o nome “Sistema Endocanabinóide e Perspectivas Terapêuticas da Cannabis Sativa e Seus Derivados”. Na UFSJ, a cadeira está disponível a partir do quinto período e com alta procura. As primeiras turmas ofertadas em modelo EAD chegaram a ter 40 alunos matriculados em cada. Hoje a disciplina tem 36 horas de aula, divididas em atividades presenciais e remotas.
Segundo o professor Hygor, muitos alunos de diversas áreas da saúde saem da universidade sem saber da existência do sistema endocanabinoide. A disciplina traz como principal proposta, introduzir o tema para que os alunos possam usar o conhecimento em suas práticas da melhor forma possível. A solução provisória serve como um pontapé inicial, mas o professor defende uma integração maior do tema dentro da formação médica.
O oferecimento de cursos como este em universidades públicas do país, representam um grande começo na educação dos futuros profissionais da área da saúde. O avanço nesse sentido, contribui para a facilidade na realização de consultas, para o aumento da oferta, da procura e da certeza de profissionais mais preparados e menos preconceituosos no âmbito.